terça-feira, 9 de março de 2010

Gregório

Há muito que nada partilhava.

Procrastinar não sei se é doença (algum dos psicólogos da terra me pode dar uma ajuda?) mas que deixo muita coisa para mais tarde, isso é verdade.

Também é verdade que as visitas aos blogs da terra tem sido feitas menos amiúde, aliás, a novidade suscitada por eles começa a desvanecer… a receita é praticamente a mesma: A Maria (refiro-me especialmente a este) faz um comentário do tipo Governo Sombra; de seguida (maioritariamente) o batalhão dos anónimos emite a sua opinião; quem lê parte a moca com as tonterias que por lá se vão dizendo (ao menos sempre dá para quebrar a rotina de uma forma bem humorada)… e se pensarmos em coisas sérias… encontramos quase nada!!!

Tudo bem que se diga o que se tem a dizer, que se critique, óptimo. E alternativas? Bem, dizer que o Moisés fez isto, não fez aquilo, que fulana é isto, que etc, etc,etc… não é assim tão difícil de o fazer. Agora contribuir para resolver… é certo que a denuncia das situações é um primeiro passo, mas falta sempre o passe final e o avançado matador para RESOLVER.

É assim que vamos vivendo, tal como o Alpalhoense, vamos tendo equipa, lutamos para não ficar em último, e continuamos … porque sim. Ok, podem dizer que é uma actividade salutar, desportiva que deve ser mantida… Concordo, mas deixem-me partilhar convosco uma conversa que tive há uns anos com um conterrâneo (não natural de alpalhão mas com raízes e ex-habitante): Ele algo irritado com a situação (noite dentro… a bebida ajudava) confessava não perceber porque é que existia futebol sénior e não existiam camadas jovens?!?! Além dizia que não havia cachopos para fazer uma equipa ou que eles tinham escola e não podiam treinar, e outras coisas mais (Como se os seniores treinassem…enfim). E entretanto ele relembra que quando havia camadas jovens, o alpalhoense ia buscar miúdos a outras terras vizinhas, colocava esses miúdos a jogar e muitos dos da terra ficavam no banco e muitas vezes nem jogavam. Temos de concordar que não se estava a prestar um grande serviço à população. Obviamente todos gostamos de ganhar, mas o principal objectivo nessas idade não deve ser esse, ou pelo menos, não deve ser o principal. E para mais nem havia o objectivo de alcançar um patamar mais acima. Se houvesse e fosse necessário uma equipa mais competitiva ainda se poderia tolerar esse facto, não havendo… é incompreensível.

Este é apenas um dos exemplos sobre o estado da nossa mentalidade.

Retomando o assunto dos blogs, li o post do largo do coreto sobre a entrevista ao Presidente da Junta. Fiquei com uma determinada ideia acerca da entrevista mas ao ler a entrevista no http://viladealpalhao.blogspot.com/ Mário Mendes in "O Distrito de Portalegre",
Fiquei com uma idea diferente. Parece-me que a Maria pintou a manta de uma cor diferente. É certo que nem todos apercepcionados a realidade da mesma forma… e por vezes gostamos até da desvirtuar, ou dar uma coloração própria, acrescentando e interpretando abusivamente a nosa opinião. Não sei se foi o caso.

Chegamos a um ponto que de repente tudo o que acontece é da responsabilidade de uma só pessoa, independentemente da responsabilidade que tenha, todos nós somos igualmente responsáveis, ora porque não participamos activamente como cidadãos (parece que as assembleias de junta estão sempre vazias não é?), ora porque nada fazemos além de criticar.

Mas deixem-me também fazer alguns reparos ao que li em http://viladealpalhao.blogspot.com/ Mário Mendes in "O Distrito de Portalegre".

A certa altura o Sr Moisés diz :“A minha simpatia sempre foi pelo PS e candidatei-me para dar um abanão nesta terra e tentar resolver alguns problemas que não tinham sido resolvidos.”
Acrescento que não lhe fica bem essa atitude. Dar um abanão? Como? Como o pretende fazer? Que abanão? Em que sentido? Palavras feitas, ditas da boca para fora, já ninguém cai nessa Sr Presidente. É preciso mais que lenga lenga. E já agora quais os problemas que necessitam de ser resolvidos? No final da entrevistas temos como resposta à questão:
Como vê a situação social da freguesia?
Resposta: A situação social não é a melhor. Não há emprego onde as pessoas se possam fixar e a própria juventude afasta-se da terra. Onde não há juventude não há vida e os idosos não investem, estão acomodados. A Junta não tem condições financeiras nem humanas para atrair pessoas e empresas. Esta é a realidade.
EU - Vamos lá a ver se nos entendemos!!!! Se este é um problema, precisa do abanão, certo? Como é que o vamos fazer… se diz que a junta nada pode fazer?!!? Se não pode criar emprego directamente, não sei se o pode tentar criar indirectamente (aqui era importante todos ajudarem a encontrar soluções em vez de criticar…unicamente). Se criar os empregos é difícil, podemos tentar olhar para o problema de outra forma: Olhar para as pessoas. Sabemos que a formação e a preparação profissional, o empreendedorismo, a criatividade são factores diferenciadores no que respeita à contratação de pessoas ou à criação do próprio emprego. Questão: como podemos ajudar as pessoas e os mais jovens (futuros desempregados) a arranjar instrumentos para enfrentar os desafios mais bem preparados? Não achão uma questão pertinente?

Faltam passeios pedonais em vários locais da vila, nomeadamente, no centro e na Estrada das Amoreiras.

Mais à frente diz o Sr presidente: A minha opinião é que há uma certa dispersão de colectividades em Alpalhão. A Sociedade Recreativa está um pouco amorfa. A AJAL tem algumas iniciativas. Temos o Grupo Desportivo, a Filarmónica, o Cicloturismo, as Contradanças. Não sei se são muitas associações para uma terra só, mas penso que uma “guerra” não se ganha com o exército desunido, mas com união.
Eu – Não também não sei se existem muitas colectividades, nem sabia que o seu número devia variar consoante o número da população. O que sei é que todas, em principio, surgiram com um objectivo, têm metas a atingir (ou deveriam de ter) e um propósito. Se deveriam estar mais unidadas? Claro que sim, todas devem concorrer para melhorar a qualidade de vida da população. Acredito que o querem fazer mas parece-me que poucas conseguem. A entidade que me parece estar a fazer um trabalho positivo é o ATL… e não precisão de grandes “paneleirisses”, apenas vontade de trabalhar e de melhorar constantemente o que fazem. Parece-me que a misericórdia também tens criado alguma dinamização junto dos idosos. Esta é uma população muito especial, no entanto espero que o objectivo não seja apenas distraí-los. Eu acho que muitos deles ainda podem dar muito, principalmente aos mais pequenos. Essa dos avós adoptivos pode ser um bom caminho, mas como não conheço não me vou pronunciar muito.

Por fim, ainda na dita entrevista:
Há muita oferta e pouca procura porque não se vê possibilidades de fixação de jovens em Alpalhão.
Temos um centro histórico, muito bonito, mas está a ficar deserto, “às baratas”.
O Centro Cultural, a ser feito, é uma obra que poderá dar um grande enriquecimento cultural à freguesia, mas não deixo de referir que o edifício da Junta não tem condições. Para além de ser um edifício degradado é de difícil acesso para as pessoas mais idosas. Por outro lado falta um espaço em Alpalhão para as actividades culturais.
Esta do Centro Cultural não estou a perceber?!?!? Pretende-se construir um centro cultural? E já agora, gostaria de saber o que se entende por um grande enriquecimento cultural. Mas se A Sociedade Recreativa está um pouco amorfa, será que não podemos aqui, e apelando à tal unidade desejada, fazer qualquer coisa pela cultura… não sei, será que numa freguesia sem recursos não conseguimos arranjar forma de rentabilizar os poucos que temos?
Quando leio estas coisas fico com a sensação que os discursos são muito ambivalentes, pouco coerentes, que se dizem coisas só por dizer.

Para arrematar esta história da entrevista fica a frase: “Temos estado a tempo inteiro na Junta e por isso estamos optimistas quanto ao futuro.”
Amigo, estar, ainda que a tempo inteiro, não basta. Acho que sabe disso.

Desculpem lá o vómito, mas tanto tempo sem escrever… dá nisto. Muitas coisas haveria por dizer, e concordo convosco se disserem que também eu falo, falo e não me faço nada. O que posso fazer é apenas contribuir com algumas sugestões.

Não li nada do que escrevi acima, por isso, se tiver muitos erros perdoem-me.

Vêm aí o eu chefe vou ter de bazar….

Wam

Deixo-vos com o Grande José Régio (tão longe e tão perto)

SONETO

Em memória de Aurélio Cunha Bengala

Surge Janeiro frio e pardacento,
Descem da serra os lobos ao povoado;
Assentam-se os fantoches em São Bento
E o Decreto da fome é publicado.

Edita-se a novela do Orçamento;
Cresce a miséria ao povo amordaçado;
Mas os biltres do novo parlamento
Usufruem seis contos de ordenado.

E enquanto à fome o povo se estiola,
Certo santo pupilo de Loyola,
Mistura de judeu e de vilão,

Também faz o pequeno “sacrifício”
De trinta contos – só! – por seu ofício
Receber, a bem dele... e da nação.

JOSÉ RÉGIO

Soneto (quase inédito)

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